sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

1. 8

"She felt very young; at the same time unspeakably aged. She sliced like a knife through everything; at the same time was outside, looking on. . . .far out to sea and alone; she always had the feeling that it was very, very dangerous to live even one day."
Mrs. Dalloway, Virginia Woolf

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

La Cinémathèque Française



Durante minha viagem para Paris eu só tinha um desejo: visitar a Cinémathèque Française, maternidade dos grandes nomes da Nouvelle Vague e mãe de uma coleção gigantesca de objetos cinematográficos.
Primeiro pegamos o metrô até chegar em Bercy, como nos foi indicado. Porém tivemos que andar muito, embaixo da neve.
Chegando lá não conseguia conter minha animação. O lugar era lindo, novo e vazio. Compramos entradas para o museu e para a exposição, mas visitamos o museu antes.
Só o primeiro homem a descobrir a tumba de Tutancâmon poderia saber o que eu sentia naquele momento. Era tudo tão maravilhoso, tão inacreditável.
Tinha milhões de objetos e projetores rudimentares que vieram muito antes do nascimento do próprio cinema. Minha primeira emoção forte veio ao ver o poster de Intolerance: Love's Struggle Throughout the Ages (1916).

Porém foi um pouco a frente que eu realmente não me aguentei: vi as jóias de Theda Bara (1), uma carta de Louise Brooks (2), o vestido que Anne Baxter usou em All About Eve (1950) (3) e um vestido de Marlene Dietrich cujo filme não me recordo (4). Além do mais consegui ver também a roupa robótica usada por Brigitte Helm em Metropolis (1927) (não consegui tirar foto) e uma das engrenagens usadas no filme Modern Times (1936) (5)


Por fim visitamos a exposição "Lanterne magique et film peint" que, além de encontrar coisas muito interessantes sobre pintura de filmes encontrei também uma velha amiga:



terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Les Films de Ma Vie - 1er Film

Em 1975 o famoso diretor e crítico de cinema François Truffaut publicou seu livro "Les Films de Ma Vie", ou, em português "Os Filmes de Minha Vida". Partindo da mesma iniciativa, pretendo escrever sobre alguns dos filmes que mudaram, tocaram ou apenas foram passageiros em minha vida.

O primeiro filme sobre o qual escreverei será The Wizard of Oz (1939).


É difícil arranjar palavras para começar a escrever sobre esse filme. Sinto como se estivesse escrevendo uma carta expressando toda minha paixão e gratitude para um amigo de infância querido. E é isso que The Wizard of Oz é para mim: um companheiro de infância.
O filme começa com os escritos:
"For nearly forty years this story has given faithful service to the 
Young in Heart; and Time has been powerless to 
put its kindly philosophy out of fashion.
To those of you who have been faithful to it in return...
and to the Young in Heart...
We dedicate this picture"
Toda vez que assisto esse filme é como uma viagem aos meus dias dourados em que tudo era possível e durante 100 minutos eu viro criança novamente. As cores, as músicas, os cenários, a história...nem parece que é um filme de 70 anos.
É um dia normal na vida da jovem Dorothy Gale (Judy Garland) na casa de seus tios no Kansas. Seu maior desejo é ir embora, para um lugar que não haja nenhum problema, algum lugar atrás do arco-íris. É com esse pedido de Dorothy que Harold Arlen compôs "Somewhere Over The Rainbow", uma das músicas mais bonitas e com uma interpretação espetacular dada por Judy



O filme continua com Dorothy tentando fugir de casa e depois mudando de ideia após o encontro com um "vidente". Porém ela chega tarde demais em casa: uma tempestade gigantesca começara e seus parentes já estavam no abrigo subterrâneo.
Em desespero a garota corre para dentro de sua casa, que é arrancada do chão pelo enorme furacão. Dorothy desmaia.
Ao acordar ela se depara com um lugar muito diferente de tudo o que já viu (e é aí que o filme começa a fazer uso do Technicolor). Dorothy está agora em Munchkin Land, na terra de Oz ("Toto, I've got the feeling we're not in Kansas anymore"). Os munchkins logo simpatizam com a menina, pois ela acabara de assassinar a Bruxa Má do Leste. Quer dizer, sua casa caiu em cima da Bruxa e a única coisa que restou dela foram os sapatinhos vermelhos.

Logo após a chegada da fada Glinda (que dá a Dorothy os sapatinhos) os munchkins se apavoram com o aparecimento e a ameaça de vingança da Bruxa Má do Oeste, que quer a qualquer custo os sapatinhos vermelhos de sua irmã. Enquanto isso a menina está desesperada para voltar para o Kansas e, ao pedir ajuda a Glinda recebe um conselho: siga a trilha de tijolos amarelos e vá ver o Mágico de Oz.

E assim Dorothy embarca na sua jornada por Oz. No caminho ela ganha companhia: um espantalho que precisa de um cérebro, um homem de lata que precisa de um coração e um leão que precisa de coragem. E todos juntos seguem a trilha de tijolos amarelos em busca do Mágico de Oz.

Lembro que uma vez minha avó trouxe um par de sapatinhos vermelhos brilhantes para cada uma das meninas da família e eu me sentia a própria Dorothy. Nós almoçávamos cantanto
We're off to see the wizard,
The wonderful wizard of Oz.
We hear he is a wiz of a wiz
If ever a wiz there was.

If ever, oh ever, a wiz there was,
The wizard of oz is one because,
Because, because, because, because, because--
Because of the wonderful things he does.

We're off to see the wizard,
The wonderful wizard of Oz.

É um filme com uma história fascinante, personagens muito queridos e experiências inesquecíveis. E é um dos únicos (se não o único) filme que eu nunca deixei de gostar, desde a primeira vez que eu vi.

Exploitation Movie Posters

Contarei a história desse tipo de filme depois. Como a preguiça é grande, aí vão apenas os pôsters:
 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A França e Amélie Poulain

Há alguns dias atrás encerrei minha viagem de quase um mês, que começou dia 23 indo para o sítio em São Francisco Xavier e depois passando duas semanas na Europa (uma em Paris e outra em Londres). Não vou contar tudo o que aconteceu pois ficaria chato, porém posso dividir os pontos altos.

Viajar para França, um dos meus países preferidos, foi algo maravilhoso. Paris é realmente uma cidade diferente.

A trilha sonora da cidade sem dúvida é composta de acordeons (nos meus ouvidos só Beirut e Yann Tiersen). Beirut, para quem não sabe, é uma banda no mínimo diferente comandada pelo jovem Zach Condon, nascido no Novo México em 1986. Aos 17 anos Zach largou a escola e foi viajar pela Europa, aonde entrou em contato com vários estilos musicais diferentes que influenciaram a música que sua banda faz hoje. Ele tem várias músicas com nomes de cidades francesas, incluindo Cherbourg, Mimizan, My Night With A Prostitute From Marseille e Nantes. Mas a música que eu mais ouvi durante a viagem foi The 11th Arrondissement. O décimo primeiro "arrondissement" de Paris abriga sua mais famosa rua, a Champs-Élysees.


Porém foi o décimo oitavo "arrondissement" que me encantou. O bairro de Montmartre é um sonho para qualquer artista ou boêmio no coração. Se afastando um pouco da famosa Sacré-Coeur você encontra uma ruazinha muito complicada de achar chamada Rue Lepic. E é no número 15 da mesma rua que você pode tomar café no "fabuloso" Café des Deux Moulins, mais conhecido como o café em que a querida Amélie Poulain de Le fabuleux destin d'Amélie Poulain (2001) trabalha. Aliás, Montmartre é cheio de lojinhas que vendem caixinhas de música, pôsters e outros bibelôs do filme. E não é para menos, já que 80% do filme se passa no lindo bairro parisiense. Até o carrossel abaixo da igreja (que aparee no filme) estava tocando La Valse Des Vieux Os (música da trilha do filme composta, é claro, por Yann Tiersen).

Completando meu dia cheio assisti o famoso show Féerie no lindo Moulin Rouge. Definitivamente esse é um dia que não irei esquecer.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Afinal, quem são as femmes fatales?


Para os desinformados, o último filme de Sir Quentin Tarantino é o infame Inglourious Basterds (2009), sobre um fantasioso fim para a Segunda Guerra Mundial. Não vou entrar em muitos detalhes, pois não quero estragar a graça do melhor filme do ano.
De qualquer forma, Tarantino nos deu uma personagem que não víamos desde 2002, com o filme de Brian De Palma que é xará do blog, Femme Fatale. E essa mulher é uma atriz alemã, estilo Marlene Dietrich (falarei dela depois), Hildegard Knef e Zarah Leander, cujo nome é Bridget von Hammersmark (interpretada por Diane Krüger). Ela é a cabeça por trás da "Operação Kino" e, apesar de ser alemã, quer explodir os nazistas (sem deixar isso aparente para os próprios, é claro).


Mas as femme fatales são tão antigas quanto a própria sociedade. Há vários significados para o termo, mas vou colocar nas minhas próprias palavras. Uma "mulher fatal" é uma muher sedutora cujo encanto leva os homens à loucura e muitas vezes eles acabam cometendo crimes ou entrando em situações mortais por elas.
As primeiras femme fatales vieram da mitologia ou da história. Podemos citar Salomé, Eva, Afrodite, Mata Hari, etc.
Antigamente eram tidas como monstros, demônios, bruxas e vampiras. Daí o termo "vamp", que marcou atrizes da década de 10 como Theda Bara, Pola Negri e Nita Naldi.



Com o cinema mudo da década de 20 e os "talkies" na década de 30 o cinema contemplava mais "damas do mal". Um dos melhores exemplos é Lulu, uma mulher que consegue tudo o que quer com sua beleza e seu charme em Die Büchse der Pandora (1929), interpretada por Louise Brooks.


Outro bom exemplo é a já citada Marlene Dietrich. Praticamente em todos os seus filmes ela é uma mulher fatal, em especial Der Blaue Engel (1930), The Devil is a Woman (1935) e Morocco (1930). Se alguém algum dia foi uma femme fatale, Marlene definitivamente foi essa pessoa. Nascida na Alemanha em 1901, ela se casou aos 23 anos com Rudolf Sieber, que a apresentou a Josef von Sternberg, diretor dos três filmes citados e amante de Marlene. Ela então estrelou como Lola Lola em Der Blaue Engel (1930) cantando sua famosa música "Ich bin von Kopf bis Fuß Auf Liebe eingestellt", cujos primeiros versos podem ser traduzidos como:
Eu sou, da cabeça aos pés,
Feita de amor
Porque esse é meu mundo
E nada mais

 Então chegam os anos 40 com os maravilhosos Film Noir (que falarei mais tarde também). É aí que o cinema começa a jorrar femme fatales. Rita Hayworth em Gilda (1946), Lauren Bacall em The Big Sleep (1946) e To Have and Have Not (1944), Lana Turner em The Postman Always Rings Twice (1946) e, é claro, minha favorita: Barbara Stanwyck em Double Indemnity (1944). No filme ela interpreta Phyllis Dietrichson, uma mulher casada com um cara que não lhe dá atenção que conhece um vendedor de seguros. Juntos eles montam um plano para vender um seguro ao marido dela, matá-lo e ganharem o dinheiro.




É uma pena que hoje em dia seja raro de achar alguma femme fatale. Tivemos Evelyn Mulwray em Chinatown (1974), Rachael em Blade Runner (1982) e Dorothy Vallens em Blue Velvet (1986). Até Catherine de Jules et Jim (1962) pode ser considerada uma. Mas nenhuma dessas foi tão fiel ao arquétipo quando Catherine Tramell em Basic Instinct (1992). Essa sim é uma mulher mortal.
Mas fazia mais de dez anos que o cinema não conhecia uma do tipo, por isso obrigada Tarantino por trazer de volta essa personagem tão bem-criada e que não deveríamos deixar morrer.



Para finalizar, coloco uma de minhas músicas preferidas, "Femme Fatale" do Velvet Underground, que é sobre Edie Sedgwick.
Here she comes, you better watch your step
She's going to break your heart in two, it's true
It's not hard to realize
Just look into her false colored eyes
She builds you up to just put you down, what a clown
'Cause everybody knows (She's a femme fatale)
The things she does to please (She's a femme fatale)
She's just a little tease (She's a femme fatale)
See the way she walks
Hear the way she talks

A Maldição do Carro de James Dean


Desde a primeira vez que viram o raro Porsche prateado de James Dean, seus amigos sabiam que era problema. O carro apelidado de "The Little Bastard" levou o ator prematuramente ao seu túmulo em 30 de Setembro de 1955.
Depois da tragédia, os restos do carro foram vendidos à George Barris por 2.500 dólares.
Quando chegou na garagem dele, o carro escorregou e caiu em um dos mecânicos, quebrando suas duas pernas.
Apesar de Barris já estar meio desconfiado sobre a "sorte" do carro, seu pressentimento foi confirmado numa corrida em Pomona Fair Grounds no ano de 1956. Dois médicos que estavam correndo com carros que tinham partes do "Little Bastard" sofreram acidente. Um morreu quando seu carro, que continha o motor do Porsche, ficou fora de controle e bateu em uma árvore; e o outro, apesar de ter sobrevivido, ficou sériamente machucado.
Mas a maldição do carro não parou por aí: um garoto que estava tentando roubar a direção do Porsche escorregou e ficou com um corte profundo no braço.
Outro jovem que comprou dois pneus do carro em uma semana foi quase morto por um acidente de carro quando os pneus explodiram.
"Aposentando" o Porsche, Barris alugou os restos para uma mostra que evidenciava a importância de segurança no trânsito. Em poucos dias o lugar pegou fogo e, com exceção do "Little Bastard", todos os carros foram queimados.
Quando o carro foi exposto em Sacramento, ele caiu de sua plataforma e quebrou uma costela de um adolescente. Quando estava sendo transportado, o Porsche caiu em cima de George Barkuis e o matou instantaneamente.
Os mistérios do carro continuaram a acontecer até 1960, quando foi alugado em Miami. No fim da exposição os restos, à caminho de Los Angeles, misteriosamente sumiram e até hoje o paradeiro do "Little Bastard" continua uma incógnita.

"The Bloody Olive" - Curta-metragem

Início de uma história

    Hoje me deu vontade de voltar a fazer um blog. Fazia alguns meses desde o meu último e estava sentindo falta de fazer templates e mexer com HTML. Mas eu queria um blog que fosse fácil de mexer e não precisasse ficar criando páginas e páginas e acertando o HTML. Nada que fosse muito complexo. Por isso escolhi esse daqui. Só fazer uma fotinho rápida no Photoshop e pronto.
    Blogs são coisas estranhas para mim, pois nunca sei se escrevo para os outros ou para mim mesma. Decidi que pouco me importa se alguém está lendo isso ou não, vou agir como uma esquizofrênica e falar comigo mesma. Por isso também não vou ficar fazendo um milhão de buttons de link me ou fazer o blog sobre um tema específico. Vou falar sobre o que me der na telha.


    Hoje é dia 1º de Janeiro (na verdade já é dia 2, mas dane-se, quero falar sobre ontem), o primeiro dia de um novo ano e uma nova década. Nesse mesmo dia há 101 anos nascia Dana Andrews, ator de cinema que estrelou em 1946 em The Best Years of Our Lives, que foi dirigido pelo grande William Wyler e tinha no elenco Teresa Wright e Myrna Loy.
    Myrna, por sua vez, estrelou na série cômica/policial The Tin Man (1934), sobre um detetive aposentado que volta ao serviço ao mesmo tempo que está tentando criar um lar junto com sua mulher. O detetive era interpretado por ninguém menos que William Powell, um ótimo ator que era casado com uma de minhas atrizes favoritas, Carole Lombard.
    Carole era uma moleca de 1,57 de Indiana que ficou conhecida por ser a "dama das comédias malucas". Seu apelido era The Profane Angel (O Anjo Profano), porque "ela tinha cara de anjo, mas xingava como um marinheiro. Foi a única mulher que eu conheci que podia contar uma história suja sem perder sua feminilidade.", como disse o diretor Mitchell Leisen. Carole tinha charme, força e personalidade, era tudo o que um homem gostaria de ter. Aliás, dois homens. Depois de se divorciar de Bill Powell, um certo senhor Clark Gable foi o segundo da lista.
    Acho que a maioria das pessoas já ouviu falar em Clark Gable, o grande ator de Gone With The Wind (1939). Sem entrar em muitos detalhes, o papel de Scarlett O'Hara no filme era interpretado por Vivien Leigh, exímia atriz inglesa que será eternamente lembrada por ter atuado como Blanche DuBois em A Streetcar Named Desire (1951), ao lado de Marlon Brando.
    Em 1953 Brando fez um filme que marcou não só sua carreira, como sua época, The Wild One, em que ele usava uma jaqueta de couro e andava em uma moto, com atitude rebelde. Lembrou de alguém?

    Dois anos depois o diretor Nicholas Ray iria dirigir um filme inesquecível com James Dean no papel principal usando uma jaqueta também e dirigindo em alta velocidade. O filme era Rebel Without a Cause e o par de Dean era a atriz-mirim Natalie Wood.
    Natalie, filha de imigrantes russos, teve uma infância bem difícil. Fora obrigada a trabalhar desde cedo e durante sua vida sofreu abusos de todos os tipos, até sua morte misteriosa por afogamento em 1981, aos 43 anos de idade. Sua vida foi contada no documentário The Mystery of Natalie Wood (2004), que vai ao ar hoje às 7h da manhã no GNT.
O documentário foi dirigido pelo grande Peter Bogdanovich, mas isso fica pra outro dia...