quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Metonímia


Acho incrível o fato de darmos tanta importância para nossas vidas e os nossos problemas. Cada briga, cada coração partido, cada necessidade financeira é o fim do mundo. Às vezes acho que as pessoas se esquecem do motivo pelo qual elas continuam vivendo e passam a entrar em um estado obsessivo e neurótico.

Outro dia minha avó me disse que era importante sonhar, mas que era muito mais importante você trabalhar em algo que desse grana, se não você não ia sobreviver. Eu respondi "Mas se for pra trabalhar com algo que eu não sinto a menor vontade, então pra quê? Só pra sobreviver? Só pra poder colocar comida no meu prato?". Todos afirmam que nos dias de hoje a gente pode fazer o que bem quiser, mas na verdade as coisas não mudaram. Você ainda é obrigado a escoher uma profissão aos 18 anos, preferencialmente a mesma do seu pai/mãe. Artista não ganha dinheiro, então nem vale a pena investir nisso. Agora, pode ser por causa do meu pessimismo, minha depressão ou simplesmente minha visão distorcida do mundo, mas qual é a graça de viver se você faz tudo mecanicamente, tudo "só por fazer"?

Você acorda, vai para um trabalho que você não gosta, pra ganhar uma merreca de dinheiro e isso continua até você achar alguém meramente interessante, se casar, ter filhos, acordar, ir pra um trabalho que você não gosta. E isso continua até você acordar, ir pra um trabalho que você não gosta, voltar pra casa pra um esposo que você não gosta, filhos que você não se relaciona. O que eu quero dizer é que eu adoraria botar comida na minha mesa todos os dias, mas qual o sentido de ralar pra isso se depois da refeição seu melhor programa for ficar jogado no sofá assistindo pela terceira vez a reprise de "America's Next Top Model"?

E depois de anos se esforçando pra sobreviver, você morre. E você apodrece. E o que sobra? O que você deixou pra trás? Absolutamente nada. A sua vida é tão medíocre para o mundo que no momento que você está morrendo tem gente no mundo inteiro cagando.

Sua vida tá aí pra ocupar espaço. Não é nem pra perpetuar a espécie, já que não precisamos disso. É pra ocupar espaço e comprar coisas. Assim você enriquece algumas pessoas que podem aproveitar a vida com suas posses materiais. E mesmo esses últimos se sentem incompletos.

Tem vezes que fico pensando em quantas fotos de outras pessoas eu devo ter saído no fundo. Eu devo ser figurante em muitas histórias. Mas eu sou protagonista da minha. Eu SOU protagonista da minha história, quer eu queira ou não.

Então por que é que eu vou passar minha vida inteira me fazendo de coadjuvante para os outros?

3 comentários:

  1. Bonito texto,faz bastante sentido pra pessoas que nunca realmente passaram nescessidade, e sempre tiveram a comida no seu prato, sem precisar levantar um dedo.
    Posso estar enganado mas vc deve ser uma garota rica,ou vc acha que as pessoas que trabalham naquelas lanchonetes ou naquele banco nao tem sonhos?.Vc acha que todos eles estão acomodados naquela vidinha?, não menina, isso que eles vivem se chama nescessidade, claro que alguns gostam e tem vocação de levar a vida 'mediocre' que vc disse.Mas o que é sonho de um não é o sonho de outro. Uns querem ser medicos outros artistas,tem ate aqueles pobres coitados que precisam trabalhar pra pagar a faculdade pra chegar no seu sonho, viram zumbis de tanta canseira. Mas o que realmente me doe é saber que muitos principalmente pobres não vao chegar a esse sonho, pq precisam comer, e precisam dar o que comer a outros,paga luz,agua. Talvez vc nem ouça falar dessas contas, pq vc nao paga nada fora do seu gastos roteneiros.
    E quem dera todos pudessem se esparramar no sofa pra assistir American Next Top model.
    Vc tem razão em acretidar nos sonhos e nao deixar que problemas da vida atrapalhe nossa caminhada. Perseveança sempre.

    Lola vc deve ser uma garota de sorte, nao precisa sair da sua realidade,pra enfrentar a realidade da selva que é o mundo.

    E pra finalizar sua avó apenas lhe mostrou a outra face da moeda.

    Abraços.

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  2. Querido anônimo, o que está em questão aqui não é a grana necessária para conseguir pagar uma faculdade ou sei lá. E sim quais são seus objetivos na vida. Se seu objetivo é ser bem sucedido, ótimo, aposto que você ficará extremamente feliz se alcançá-lo. Se você quiser ser rico, ótimo.
    Eu vejo que você não entendeu o que eu quis dizer justamente pelo seu comentário. Eu disse que justamente, para mim, só "sobreviver" não é um bom motivo para viver. Agora esse é MEU ponto de vista, eu não suportaria ficar enfiada em um escritório só para ganhar dinheiro. Não quero só sobreviver.
    Porém, tem gente que quer. Tem gente que acha que viver é sobreviver ou está feliz com sua situação. Ou está infeliz, mas quer continuar sobrevivendo, sei lá.
    E por favor, não tire conclusões precipitadas sobre minha família, principalmente minha avó. Ela fez a faculdade que queria, trabalhou na área que ela mais gostava e foi bem-sucedida naquilo. Então, sinceramente, ela pouco sabe do "outro lado da moeda", já que ela teve o melhor dos dois mundos.

    O que eu estou pondo em jogo são as duas escolhas que temos que fazer: seguir seus sonhos ou ganhar dinheiro. A maioria das pessoas, pelos mais diversos motivos (até pela sobrevivência), prefere a segunda opção.

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  3. Lola, apesar da gente não ter tido taanto contato como eu gostaria, eu te digo que admiro quem vc é. bjos e parabéns por vc ser tão vc.

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