quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Três anos de Femme Fatale ou Risk. Fail. Risk again.


Hoje o blog comemora três anos! Nunca achei que conseguisse manter um blog por três anos. Faz tempo que não escrevo direito, mas mesmo assim, três anos é um récorde para alguém que não consegue nem manter o mesmo corte de cabelo por mais de seis meses.

Acho que é raro eu escrever da minha vida pessoal aqui. Não gosto muito, me sinto invadida, pois não sei quem lê. Gosto desse anonimato de leitores, apesar que vez ou outra amigos de amigos meus comentam "Nossa, eu adoro seu blog" ou coisa do tipo, o que creep me out pra caramba. Mas essa é uma ocasião especial e um ano novo inspirador.

Quando comecei o blog estava no começo de um dos melhores anos da minha vida e já na reta final da minha vida escolar, o colegial. Sempre gostei muito de cinema e sempre será minha grande paixão. Mas eu estava interessada em estudar isso, em escrever sobre as coisas que eu pensava sobre os filmes, porque não dá para conversar com um DVD. Minha vida girava em torno de filmes e eles eram minha "válvula de escape" do mundo real, que era uma grande merda.

Porém, do outro lado da balança, eu sempre fui apaixonada por fazer teatro. Eu cresci no palco, pois sou filha de bailarina. E o teatro está na minha vida desde criança. Quando eu tinha uns 9 anos, comecei a achar que queria ser atriz. Naquela época, eu era mais influenciada pelos filmes e pelo friozinho na barriga que dá antes de entrar no palco do que por uma experiência concreta. Quando comecei a fazer aulas de teatro e percebi que havia muita gente melhor do que eu, esse virou meu segredo. Eu tinha vergonha de dizer que queria ser atriz, por medo de rirem de mim e falarem que eu sou péssima. Mas eu continuei adorando cinema e um dia me toquei que talvez minha vocação fosse dirigir filmes. Nessa época, eu era influenciada por algumas pessoas experientes da área, o desejo do "poder" e até um pouco de feminismo.

Logo comecei a entrar em cursos de cinema, dirigir e tudo mais. Era ótimo. É ótimo. Eu adoro isso. Mas não sentia tanto tesão quanto estar no palco, no presente, com medo de errar. Eu gosto de errar.

O segundo ano foi um difícil, com apenas um post aqui. Meu ano de decisões, meu ano de finalizações. Citando Paula Vogel em sua peça "How I Learned To Drive": "I am very old, very cynical of the world, and I know it all. In short, I am seventeen years old." ("Eu sou muito velha, muito cínica do mundo e eu sei de tudo. Em suma, eu tenho dezessete anos.") Eu era assim. Eu sabia de tudo. Ninguém podia me questionar ou me ensinar mais nada. Eu tinha um plano de 10 anos para minha vida que incluía uma faculdade em Berlim, uma pós, um trabalho como diretora de cinema, ganhar o Urso de Ouro, Palma de Ouro, Globo de Ouro e tudo mais. Desnecessário dizer que, quando o primeiro item da minha lista caiu, os outros foram por água abaixo. Meu pé voltou ao chão.

Ano passado foi o ano de revisões. O que eu realmente queria da vida, o que eu realmente precisava no momento. E das fontes mais inesperadas, meu caminho foi sendo traçado, mês por mês, pedacinho por pedacinho. Foi um ótimo ano, apesar de ter um começo complicado. Eu comecei a aprender coisas que nunca esperava aprender. E vi que, afinal, a menina de 9 anos poderia estar certa. E que talvez seja uma ideia absurda, mas sempre tem tempo pra fazer outras coisas. Eu gosto de errar.

Quando eu fui para Connecticut, minha escola de teatro tinha um lema. "Risk. Fail. Risk again." Eu gostaria de fechar esse post com a minha versão do lema: "Risk. Fail. Risk again. Fail better."

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