quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Acting is like sex

1. You can't make yourself feel something. Let go.
2. "You either do it and don't talk about it or talk about it and don't do it." - H. Bogart
3. You need a good partner
4. It makes you feel free and wild
5. You need to find out what turns you on
6. It often culminates in an out-of-body experience
7. It has to build up
8. You have to get dirty

Bernard Pivot's "Inside the Actors Studio" Questionnaire


1. What is your favorite word?

Sehnsucht

2. What is your least favorite word?

Inapt

3. What turns you on?

Rawness/Wildness

4. What turns you off?

High society

5. What sound or noise do you love?

Howling

6. What sound or noise do you hate?

"Little" constant noises: nails on the table, humming, water, people singing when they have earphones on, etc

7. What is your favorite curse word?

Cocksucker

8. What profession other than your own would you like to attempt?

Opera singer/Archaeologist/Private detective in the 20's

9. What profession would you not like to attempt?

Engineer/Model/Adman

10. If heaven exists, what would you like to hear God say when you arrive at the pearly gates?

"Hemingway's waiting for you right over there with a glass of whiskey."

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A Morte de Segunda Mão


Para prestar faculdades de teatro no exterior, normalmente é necessário preparar quatro monólogos, dois clássicos e dois contemporâneos. Escolhi um monólogo da Lady Percy de "Henry IV - Part II" em que ela fala sobre o marido falecido com seu sogro. "Mas você fala dele como se não o tivesse perdido", dizia minha professora. "Não sei como é perder alguém", respondo. Nunca perdeu avós? Não. Bisavós? Já, mas era pequena demais para lembrar. Bichos de estimação? Apenas um, mas passou rápido. Pertences de valor? Nada que eu era muito apegada. "Nunca nem terminou um namoro?" "Não".

De fato, sempre tive muita sorte. Meus avós estão em perfeita saúde (apesar da minha avó sempre vir com o papo de "Quando eu morrer..." na conversa) e nunca experienciei nenhuma perda impactante. O máximo de uma experiência de perda que eu tive foi quando eu fui assaltada e levaram caderninhos preciosos que continham meus pensamentos e desenhos. Só. Mas como transformar a pequena dor da perda de cadernos para a dor da perda de um marido? Pior ainda que nunca nem tive um namorado sério na vida.

Continuei praticando meu monólogo, mas minha professora continuava falando a mesma coisa. Mesmo usando minha imaginação, sentia que eu não tinha "bagagem de vida" o suficiente para achar aquele tipo de dor. Eu nunca tive medo de morrer. Tenho um fascínio pela morte/vida após a morte, mas não medo. Sempre tive medo que minha família, meus amigos, morressem antes de mim. Eu sei que esse é meu maior medo e, talvez por isso, seja tão difícil abrir essa caixa de Pandora. Eu tenho tanto medo disso, que convenci a mim mesma há muitos anos que vou morrer antes deles. Ou seja, assim nem existe a possibilidade de sofrer uma perda. Ótimo. Quer dizer, não tão ótimo, porque meu monólogo continuava saindo uma merda.

Hoje fui no enterro do pai de uma amiga minha. Um homem relativamente jovem, da idade dos meus pais. Fui achando que estava lá para ser forte para ela. Fui sem nem conhecer direito o falecido. Quando saíram carregando o caixão, eu gelei. Da cabeça aos pés. Parece até meio clichê, agora que estou lendo, mas é verdade. Eu olhei para aquele caixão e vi todos os membros da minha família, inclusive eu, ali dentro. Eu olhei pra minha amiga e me dei conta de que o pai dela simplesmente não ia estar mais lá. Ela não iria vê-lo no fim de semana. Ela não iria mais ir no cinema com ele. Nem passar o próximo dia dos pais almoçando com ele. Ele sumiu. Se foi.

Naquele momento eu fiquei com medo de morrer. Medo de me colocarem numa caixa apertada e me botarem embaixo da terra. Eu não posso, sou claustrofóbica! Como vão me deixar lá por anos?

Mas o que me chocou mais foi a possibilidade de que a qualquer hora, eu posso passar pela mesma coisa. Posso brigar feio com meu pai um dia e não tê-lo mais no dia seguinte. E por alguns momentos, eu senti como se tivesse perdido uma parte de mim. Eu fiquei emocionada como se fosse meu próprio pai sendo enterrado. Eu mal conhecia o pai da minha amiga, mas tinha algo de errado, algo não estava mais lá. E mesmo depois que fomos para a casa dela tentar animá-la, faltava alguma coisa. Tinha um buraco, um vazio. Como se fosse uma linha do tempo de almoços, festas, formaturas e todas essas coisas que poderiam existir, mas agora não vão mais.

Acho que a morte (para os que ficam vivos) é isso, afinal. Uma esquina em que é obrigatório virar.