domingo, 28 de novembro de 2010

(Minhas) Notas sobre o Cinematógrafo

Comemorando minha inauguração como diretora em um curta filmado em 16mm e em honra a Robert Bresson, aqui estão minhas 10 primeiras notas sobre o cinematógrafo para contar para vocês como foi o dia de hoje e para me lembrar de algumas coisas.

1. Com 11 minutos de película dá para fazer muita coisa. Mas também dá pra fazer muita merda. Tudo depende do que vem antes do "câmera rodando!".
2. Só use atores com deficiência auditiva caso você tenha BASTANTE película. Ou caso você seja um diretor muito bom e tenha muito tempo em suas mãos.
3. Cada um deve exercer sua função no set, ou o filme não anda pra frente e irão acontecer muitas brigas. Porém, é sempre bom pedir opinião alheia, especialmente se for um trabalho em grupo, e não um projeto individual.
4. Seja sempre humilde e trate seus atores muito bem. Agradeça a equipe depois da diária.
5. Faça o casting meses antes das filmagens. Escolha seus atores com calma, faça testes e ensaie com eles umas três vezes.
6. Hora do almoço é hora do almoço.
7. Pense no horário que deseja começar a filmar e marque com a equipe duas horas antes para montar o set. E faça as pessoas chegarem na hora.
8. Tenha a organização mais impecável do mundo.
9. Não importa que você esteja trabalhando com pessoas até 70 anos mais velhas que você. Se você se mostrar confiante e profissional, correrá tudo certo.
10. Aproveite o filme que está fazendo. Cada minuto dele. Acredite em sua história e contagie os outros com ela.


Apesar dos pesares, depois do dia de hoje eu realmente não tenho dúvidas de que cinema é o meu lugar. É na agitação e no caos de um set que eu quero estar, sendo entregadora de pizza ou diretora.

sábado, 27 de novembro de 2010

Adios.

Para um novo começo a partir das próximas semanas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Surabaya Johnny

Eu tinha completado dezesseis quando você chegou na cidade. Um viajante, um sedutor, um animal. Sem muito esforço, me convenceu de ir para Burma com você. Perguntei o que fazia da vida e vagamente me respondeu que tinha algum trabalho na ferroviária e que não tinha nada a ver com o mar.

Você falou demais, Johnny, um bando de mentiras. Me traiu pelas costas, Johnny, esse tempo todo. Eu te odeio TANTO, Johnny, e você fica aí rindo. Tira a merda desse cachimbo da sua boca, seu porco!

Na costa asiática todos falavam em seu nome. Diziam que era conhecido por sumir no mar e eu não acreditei. Passamos três meses alegres, um casal de apaixonados. Você dizia para eles que éramos parceiros no crime e para mim que eu era a garota da sua vida. Mas era tudo uma farsa.

Tira a merda desse cachimbo da sua boca, seu rato!

Ninguém é mais maldoso que você, seu animal. Você não queria amor, só dinheiro. Foi embora e me deixou desolada! Você é um desalmado, Johnny. Seu sem coração.

Mas ainda assim...eu te amo demais.



Texto inspirado na música "Surabaya Johnny" de Kurt Weill e Bertolt Brecht

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Nazismo & Eu

Aviso aos leitores antes de começarem a ler: esse é um texto extremamente pessoal, cheio de opiniões e pretensões, sem nenhuma intenção conexão com o fato histórico ou justificativa para minhas palavras. Se isso te incomoda, então que se foda.

Ser judia é algo que sempre fez parte de mim. Nunca questionei nem reclamei. Sempre enchia a boca ao falar "sou judia" e até meus 14 anos nunca vi problema nisso, aliás, sempre me orgulhei das minhas origens. Não que eu seja religiosa, na verdade aqueles que me conhecem sabem que eu sou uma decepção pro judaísmo. Mas sempre achei muito legal o fato de eu ter uma religião, uma religião com histórias, festas e jantares em famílias, diferente das minhas amigas "católicas" que fizeram primeira comunhão mas nunca iam nas missas. Durante toda minha infância, ser judia significava participar de uma comunidade especial, com um passado obscuro e grotesco, mas que já tinha sido superado.

Minha vida inteira ouvi sobre Hitler, sobre a Segunda Guerra Mundial, sobre os campos de concentração, sobre as câmaras de gás. Acho que nunca dei muita bola, pra mim sempre foi história da hora de dormir, coisa de conto de fadas. Não fazia muito sentido na minha cabeça ter um monstro de bigode que quisesse destruir minha família e os amigos deles sem motivo algum. Enfim, o fato de termos sobrevivido só era orgulho maior para meu pequeno ser falar "Minha família sobreviveu à Segunda Guerra Mundial!".

Parece tudo lindo e maravilhoso, mas as coisas começaram a mudar. Quando comecei a estudar para fazer meu bat mitzvah, muitas questões começaram a surgir, inclusive questionando a existência de Deus, o que era algo que nem passava pela minha cabeça até então. Minha sorte é que tive professores ótimos que estavam afim de debater tudo. Aprendi a ler e escrever em hebraico, fiz a cerimônia e nunca estive tão próxima da minha religião quanto naqueles anos.

Bom, alguns anos depois começaram as piadas de judeu e um sentimento de repulsa começou a crescer em mim. Eu não era avarenta! Isso tava tudo errado! E aí comecei a entender um pouco do ódio contra minha religião. Mas nunca tinha caído a ficha completamente até eu sentar em uma mesa na oitava série em que algum imbecil tinha desenhado uma suástica e escrito "Jews must die! Long live A.H.!"
Foram poucas as vezes que eu senti tanto ódio no coração e raiva, misturado com vergonha por ter acontecido na minha própria escola.

Com o tempo entrei na brincadeira. "Roubo" dinheiro dos amigos e hoje em dia é só falar de judeu que meus conhecidos olham pra mim. É desagradável, mas pelo menos tenho uma desculpa para não emprestar dinheiro para uns otários.

Num segundo momento, lembro de estar no começo do museu Yad Vashem em Jerusalém e, ao assistir os discursos de Hitler e ver aquelas bandeiras com suásticas estampadas e a quantidade de livros que eles queimaram, eu senti nojo. Esse sentimento de repulsa e ânsia de vômito que a gente tem quando vê um cara comendo um sanduíche com uma barata dentro. Eu queria cospir, vomitar, mijar em cima daquele homem e de seus discípulos. Acho que é isso que o nazismo representa pra mim: "humanos" que chegam numa condição de vida tão medícore que começam a dar disculpas ridículas para sua condição e cometer atrocidades horrendas contra seus vizinhos.

E sim, eu sou sádica. Sádica a ponto de sequestrar um neonazista e fazer ele inalar meus puns até ele vomitar as tripas dele fora. "Bem vindo a Treblinka, motherfucker!".

 De qualquer forma, escrevi essa baboseira toda para concluír que, se um dia os judeus se revoltarem contra o nazismo, os pogroms, a Igreja, os cruzados, os egípcios e mais o bando de merda que a gente já aturou, e resolver juntar uns "Inglourious Basterds", pode ter certeza que eu serei o Bear Jew. E aqueles malucos vão sofrer na minha mão como eles nunca imaginaram.

Eu avisei que era sádica....

OBS.: Escrevi esse texto pra botar medo nos alemães que visitam o blog (o segundo país que mais tem visitas aqui!). Mentira. Já já faço um post em homenagem aos deutsches que eu tanto adoro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

(Sem Assunto)

Cara Lola,

são uma 1:21 da manhã, e cá estou, procurando alguém pra me oferecer um pênis por meus pensamentos e você não está aqui. No tédio pintei até minha unha, mas agora decidi ir buscar um uísque. Tá tarde, e eu tenho que acordar cedo amanhã, mas pra variar eu não estou com o menor sono, então resolvi te escrever um email.
A Becca arranjou uma festa pra gente ir no sábado, e eu realmente estou precisando, if you know what I mean. Essa semana foi inútil na escola, e eu errei na prova de matemática por bobeira. Clássico. Esse uísque tá meio forte, acho que vou misturar com coca. Ontem fumei aquele lucky strike que você me deu lá no meu banheiro hahahaha
Meu Deus, não estou falando nada de produtivo nesse email, mas to com vontade de escrever! Hoje o Yan me mandou o vídeo da moça cantando de suspersórios e eu fiquei com vergonha de pedir o filme emprestado! Estou quase decidida a cortar meu cabelo no dia 20, e quero te mostrar os cortes que eu ando pensando. Acho que vou pegar coca-cola pra misturar com esse uísque antes que eu vá pro saco. Hum, bem melhor agora! Não sei mais o que te contar de inútil Lô... Acho que é só isso mesmo. Bom final de viagem e uma boa viagem de volta pra cá!
Estou morrendo de saudades
Cakes