sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Afinal, quem são as femmes fatales?


Para os desinformados, o último filme de Sir Quentin Tarantino é o infame Inglourious Basterds (2009), sobre um fantasioso fim para a Segunda Guerra Mundial. Não vou entrar em muitos detalhes, pois não quero estragar a graça do melhor filme do ano.
De qualquer forma, Tarantino nos deu uma personagem que não víamos desde 2002, com o filme de Brian De Palma que é xará do blog, Femme Fatale. E essa mulher é uma atriz alemã, estilo Marlene Dietrich (falarei dela depois), Hildegard Knef e Zarah Leander, cujo nome é Bridget von Hammersmark (interpretada por Diane Krüger). Ela é a cabeça por trás da "Operação Kino" e, apesar de ser alemã, quer explodir os nazistas (sem deixar isso aparente para os próprios, é claro).


Mas as femme fatales são tão antigas quanto a própria sociedade. Há vários significados para o termo, mas vou colocar nas minhas próprias palavras. Uma "mulher fatal" é uma muher sedutora cujo encanto leva os homens à loucura e muitas vezes eles acabam cometendo crimes ou entrando em situações mortais por elas.
As primeiras femme fatales vieram da mitologia ou da história. Podemos citar Salomé, Eva, Afrodite, Mata Hari, etc.
Antigamente eram tidas como monstros, demônios, bruxas e vampiras. Daí o termo "vamp", que marcou atrizes da década de 10 como Theda Bara, Pola Negri e Nita Naldi.



Com o cinema mudo da década de 20 e os "talkies" na década de 30 o cinema contemplava mais "damas do mal". Um dos melhores exemplos é Lulu, uma mulher que consegue tudo o que quer com sua beleza e seu charme em Die Büchse der Pandora (1929), interpretada por Louise Brooks.


Outro bom exemplo é a já citada Marlene Dietrich. Praticamente em todos os seus filmes ela é uma mulher fatal, em especial Der Blaue Engel (1930), The Devil is a Woman (1935) e Morocco (1930). Se alguém algum dia foi uma femme fatale, Marlene definitivamente foi essa pessoa. Nascida na Alemanha em 1901, ela se casou aos 23 anos com Rudolf Sieber, que a apresentou a Josef von Sternberg, diretor dos três filmes citados e amante de Marlene. Ela então estrelou como Lola Lola em Der Blaue Engel (1930) cantando sua famosa música "Ich bin von Kopf bis Fuß Auf Liebe eingestellt", cujos primeiros versos podem ser traduzidos como:
Eu sou, da cabeça aos pés,
Feita de amor
Porque esse é meu mundo
E nada mais

 Então chegam os anos 40 com os maravilhosos Film Noir (que falarei mais tarde também). É aí que o cinema começa a jorrar femme fatales. Rita Hayworth em Gilda (1946), Lauren Bacall em The Big Sleep (1946) e To Have and Have Not (1944), Lana Turner em The Postman Always Rings Twice (1946) e, é claro, minha favorita: Barbara Stanwyck em Double Indemnity (1944). No filme ela interpreta Phyllis Dietrichson, uma mulher casada com um cara que não lhe dá atenção que conhece um vendedor de seguros. Juntos eles montam um plano para vender um seguro ao marido dela, matá-lo e ganharem o dinheiro.




É uma pena que hoje em dia seja raro de achar alguma femme fatale. Tivemos Evelyn Mulwray em Chinatown (1974), Rachael em Blade Runner (1982) e Dorothy Vallens em Blue Velvet (1986). Até Catherine de Jules et Jim (1962) pode ser considerada uma. Mas nenhuma dessas foi tão fiel ao arquétipo quando Catherine Tramell em Basic Instinct (1992). Essa sim é uma mulher mortal.
Mas fazia mais de dez anos que o cinema não conhecia uma do tipo, por isso obrigada Tarantino por trazer de volta essa personagem tão bem-criada e que não deveríamos deixar morrer.



Para finalizar, coloco uma de minhas músicas preferidas, "Femme Fatale" do Velvet Underground, que é sobre Edie Sedgwick.
Here she comes, you better watch your step
She's going to break your heart in two, it's true
It's not hard to realize
Just look into her false colored eyes
She builds you up to just put you down, what a clown
'Cause everybody knows (She's a femme fatale)
The things she does to please (She's a femme fatale)
She's just a little tease (She's a femme fatale)
See the way she walks
Hear the way she talks

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